A baiana de acarajé é, como disse o sambista Riachão, o retrato fiel da Bahia. Além dele, inúmeros outros compositores homenagearam nossas baianas. Nesta página reunimos peças do cancioneiro popular que falam das baianas e do seu tabuleiro.
Riachão
Quem chega na praça Cayru
Olha pra cima o que é que vê?
Ver o elevador Lacerda
Que vive a subir e a descer
É o retrato fiel da Bahia,
Baiana vendendo alegria
Coisinha gostosa de dendê
Lá na rampa do mercado
Saveirinho abarrotado
Muito fruto, em bom bocado
Tudo bom pra se comer
É o retrato fiel da Bahia
Baiana vendendo alegria
Coisinha gostosa de dendê
Dorival Caymmi
Quem quiser vatapá, ô
Que procure fazer
Primeiro o fubá
Depois o dendê
Procure uma nêga baiana, ô
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Procure uma nêga baiana, ô
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais
Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais
Amendoim, camarão, rala um coco
Na hora de machucar
Sal com gengibre e cebola, iaiá
Na hora de temperar
Não para de mexer, ô
Que é pra não embolar
Panela no fogo
Não deixa queimar
Com qualquer dez mil réis e uma nêga ô
Se faz um vatapá
Se faz um vatapá
Que bom vatapá
Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais
Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais
Amendoim, camarão, rala um coco
Na hora de machucar
Sal com gengibre e cebola
Jauperi
Ouvi falar que o samba é rock
Ouvi dizer que a onda é funk
Vai do Chuí ao Oiapoque
Até o índio virou punk
Ouvi falar, do lado de lá
O povo gosta de música baiana
Ouvi dizer, acarajé tem dendê
Ouvi falar, do lado de lá
O povo gosta de música baiana
Ouvi dizer, acarajé tem dendê
Acarajé tem dendê, acarajé tem
O aquecimento global
Provoca uma onda muito forte de calor
Os biquínis estão cada vez menores
E o consumo de cerveja cada vez maior
Praia e sol
Lua, luminosidade
Praia e sol
Lua, sol, sol, sol, sol
Oh calor, calor, calor, calor, calor, calor
Oh calor, calor, calor, calor (BIS).
Margareth Menezes
Mãe negra trouxe acará lá da África
Mãe negra baiana aprendeu a fazer
Mãe negra aprendeu a comer
Mãe negra aprendeu a fazer
Mãe negra aprendeu a vender acará (2x)
Feijão fradinho de molho pra soltar a casca
Passar no minho prepara a massa
Feijão fradinho de molho pra soltar a casca
Passar no minho prepara a massa
Depois mexe bem com a colher de pau
Tempera a massa com cebola e sal
Ajeita o bolinho na colher
Bota pra frita no dendê
Depois é só rechear e comer
Abre ele ao meio bota caruru
Camarão pequeno é o recheio
Com colher pequena bota vatapá
Salada e pimenta pra quem aguenta
Mesmo quem não ceder a tentação
Não pode resistir a seu cheiro e sabor
Comida da minha mãe Iansã
Cartão de visita de Salvador
Declamado:
A palavra acará está ligada ao Agerê
Cerimônia africana segundo Pierre Verger
É uma prova de fogo onde o iniciado novo
Testa a verdade que crê
Agerê é cerimônia onde Xangô e Oiá
Comem mechas de algodão chamadas de acará
De acordo com esse jogo acará é o
Próprio fogo que se faz representá
Acará significa bolinho de feijão frito
No azeite de dendê jê é o verbo comer
Acarajé significa comer fogo é um mito
Acarajé veio pra rua garantir a obrigação
Dinheiro pra Iaô que fazia devoção
Hoje ele é vendido como prato preferido
De toda a população
Acarajé iguaria nome de origem Nagô
Todo mundo aprecia o inigualável sabor
Na Bahia do axé inegavelmente
É o capitão de Salvador e uma nega baiana
Iniciando com fé encomendando a guia
Iansã é a mulher retrato mor da Bahia
Acará acarajé
Mãe negra trouxe acará lá da África
Mãe negra baiana aprendeu a fazer
Mãe negra aprendeu a comer
Mãe negra aprendeu a fazer
Mãe negra aprendeu a vender acará
Olha o acarajé, olha o acará
Acarajé quentinho
Acarajé de Itapuã
acarajé do Rio Vermelho
Acarajé do Garcia
Acarajé da Bahia
Acarajé da Ribeira
Olha o acarajé, olha o acará
Mãe negra aprendeu a comer
Mãe negra aprendeu a fazer
Mãe negra aprendeu a vender acará…
Todo brasileiro se amarra na folia
Pois o Brasil foi batizado na Bahia
Todo o povo brasileiro se amarra na folia
Pois o Brasil foi batizado na Bahia
Sou a Bahia do acarajé
Do afoxé, do candomblé
Da vibração atrás do trio
Cada palavra de um livro de Jorge Amado
Eu sou um xote regueado de Gilberto Gil
Sou capoeira jogada no Pelourinho
Num batuque de Carlinhos
Eu sou o som do berimbau
Sou a mistura de Chiclete com Banana
Sou não sei quantas semanas
De folia e carnaval
Sou o forró bacana do Trio Nordestino
Animando o mês junino
Do sertão ao litoral
Todo brasileiro se amarra na folia
Pois o Brasil foi batizado na Bahia
Sou a Lagoa do Abaeté
No meio da Praça da Sé
Eu sou Caetano em festival
Eu sou o mar numa jangada de Caymmi
Sou o som da voz sublime de Bethânia e Gal
Eu sou Ivete, Olodum e Ruy Barbosa
Sou Moraes em verso e prosa
Sou Raul em alto astral
Ascensorista do Elevador Lacerda
Venha ver que você herda toda vista original
Eu sou feirante lá no Mercado Modelo
Eu que vendo muito zelo, etc e coisa e tal
Todo brasileiro se amarra na folia
Pois o Brasil foi batizado na Bahia
Aqui eu deixo todo meu axé
Você já sabe como é
A minha gente, o meu lugar
Viva a Baía de Todos os Santos
Por todos os cantos, me ponho a cantar
Sou a baiana de sorriso largo
Nas festas de largo, de hoje e amanhã
Eu sou a água da lavagem da Ribeira
Do Bonfim, do Rio Vermelho, de Itapuã
Em Salvador eu sou soteropolitano
E na Bahia eu sou baiano
Ontem, hoje e amanhã
Todo brasileiro se amarra na folia
Pois o Brasil foi batizado na Bahia
Herivelto Martins e Chianca Garcia
A Bahia da magia
Dos feitiços e da fé
Bahia que tem tanta igreja
E tem tanto candomblé
Para te buscar
Nossos saveiros já partiram para o mar
Iaiá Eufrásia na beira do Sobradão
Está formando seu candomblé
Velha Damásia na ladeira do Mamão
Está preparando acarajé
Nossas morenas
Roupas novas vão botar
Se tu vieres irás
Provar o meu vatapá
Se tu vieres
Viverás nos braços
A festa de Iemanjá
Vem, vem, vem
Vem, vem, vem
Vem em busca da Bahia
Cidade da tentação
Onde o teu feitiço impera
Vem e me trazes o teu coração
Vem, a Bahia te espera
Bahia, Bahia
Bahia, Bahia
B. de Carvalho e João Dias
A baiana chegou da Bahia
Todo mundo comeu vatapá
A Baiana chegou da Bahia
Todo mundo comeu vatapá
Com dendê e fubá
E acarajé
Comida-de-santo
Quem é que não quer?
P’rá fazer cangerê
Só a baiana que sabe fazer
Tem, tem pemba
Tem, tem dia
Em seu conga
Tem, tem, tem
Tem também feitiço no olhar
Silas de Oliveira
Vejam esta maravilha de cenário
É um episódio relicário
Que o artista num sonho genial
Escolheu para este carnaval
E o asfalto como passarela
Será a tela do Brasil em forma de aquarela
Passeando pelas cercanias do Amazonas
Conheci vastos seringais
No Pará, a ilha dos Marajós
E a velha cabana Timbó
Caminhando ainda um pouco mais
Deparei com lindos coqueirais
Estava no Ceará, na terra do Irapuã
De Iracema e upã
Fiquei radiante de alegria
Quando eu cheguei na Bahia
Bahia de Castro Alves
Do acarajé, das noites de magia do candomblé
Depois de atravessar as matas do Ipu
Assisti em Pernambuco à festa
Do frevo e do maracatu
Brasília tem o seu destaque
Na arte, na beleza e arquitetura
Feitiço de garoa pela serra
São Paulo engrandece a nossa terra
Do leste por todo o centro-oeste
Tudo é belo e tem lindo matiz
E o Rio de sambas e batucadas
Dos malandros e mulatas
De requebros febris
Brasil, estas nossas verdes matas
Cachoeiras e cascatas de colorido sutil
E este lindo céu de azul anil
Emolduram aquarela o meu Brasil
Dito
Buziguim Folodó é qualquer diabo que você disser
Buziguim Folodó é qualquer diabo que você disser
Farofa de dendê
Gamela de abará
É malê de balê
Levada de Ijexá
É coisa de comer
É coisa de pensar
É coisa de beber
É coisa de mexer
É coisa de chorar
Buziguim Folodó
É massa, é raça, é tanga, é mulé
Buziguim Folodó é pó, é poeira
É rapa, é rapé
É gozo, é bem querer
É jeito de tocar
É beijo e dá prazer
Maneira de amar
É fogo pra queimar
O peito de quem tem
É brasa, é asa, é dona da casa
É pinga, é ginga, é bunda, é mandinga, é mangue
É muzenza, é dengo, é neném
Dilu Melo e Oldemar Magalhães
Na Conceição da Praia tudo é bonito,
Tem samba, tem batuque, tem candomblé,
Tem capoeira meu bem, abará e acarajé.
Tem baiana formosa de bata rendada,
De brincos de ouro e sandália enfeitada,
Como requebra bem,
Quem me dera,
Ai, se eu pudesse ir à Conceição também.
Ver jogar capoeira,
Ver roda de samba,
E a nega do acarajé,
Eu não perco meu bem esta fé,
De um dia ir a Conceição,
Ver na roda de samba,
Nego se embolando na areia, no chão
Vicente Paiva e Chianca de Garcia
Ôi, Bahia,
Umbu, vatapá,
Azeite de dendê,
E tem moamba,
Pra nego bamba fazer canjerê.
Um nome na história vou buscar,
Sargento Camarão herói foi da Bahia,
Castro Alves nos faz relembrar
Tempos da abolição, poeta da Bahia,
Rui Barbosa fogo triunfal,
Voz da raça e do bem, o gênio da Bahia,
E há neste todo natural,
O que a baiana tem, a graça da Bahia.
A Bahia tem conventos,
Tem macumba e tem moamba,
Mas onde ela é mais Bahia,
É no batuque, no samba
Foi na Bahia das igrejas todas de ouro,
Onde valem as morenas um tesouro como nenhum,
Como nenhum pode haver,
Onde as baianas com sandália e balangandã,
Vão mostrar ao mundo inteiro,
Nosso samba brasileiro
E de auri-verde,
Bahia, ôh!
Alegria, ôi, do Brasil.
João Melo e Codó
Saí do Norte num pau de arara
Com destino ao Rio de Janeiro,
Passei na Bahia, gostei,
Fiquei, fiquei, fiquei, fiquei.
Senti cheiro de dendê,
Gosto bom de abará,
Vi terreiro de Nagô,
E vi a baiana sambar,
Requebrando, requebrando,
No bater do canzuá.
Amor, calor
Areia nos pés
Nossos pés
Então
Deu pra aprender
Que céu é céu
E eu Iansã
Neste planeta blue
Solto, redondo, torto
Essa canção
Eu fiz por querer
Tem mais que eu
Queria dizer
Que eu já disse tudo
Que tinha pra dizer
Nessa cantiga
Que fiz pensando em você
Cícero de Almeida
Ioiô você quer comer vatapá,
Gostoso e bem feito por mão de Iaiá,
Se já provou o acarajé meu bem,
Muqueca de peixe, gostoso abará.
É lá na Bahia que tem tudo isso,
Morenas dengosas que fazem feitiço,
Tem os olhinhos pretinhos, virados,
Que botam na gente o tal de olhado.
Que saudade que tenho lá da Bahia,
Terra boa pra gente fazer folia,
Tem um santo muito forte, milagroso,
Do Brasil um santo velho e poderoso
E no samba as baianas tem que ir
Com sandálias de veludo e marroquim,
Pois na Penha vão fazer as omelita
E rezarem na Igreja do Bonfim
Amor, calor
Areia nos pés
Nossos pés
Então
Deu pra aprender
Que céu é céu
E eu Iansã
Neste planeta blue
Solto, redondo, torto
Essa canção
Eu fiz por querer
Tem mais que eu
Queria dizer
Que eu já disse tudo
Que tinha pra dizer
Nessa cantiga
Que fiz pensando em você
Luiz Perna
Eu gosto da Bahia / mas meu lugar é Sampa / aqui é muito bom / mas foi …
Yemanjá, vatapá, água de côco
Azeite de dendê, vem só pra ver
Eu gosto da Bahia
Mas meu lugar é Sampa
Aqui é muito bom
Mas foi lá que eu deixei meu samba
Lindo Rio de Janeiro
Pois todo mês de fevereiro
Carnaval vou ver, vem só pra ver
Acho lindo o Corcovado
Mas vou ficar em Sampa
As mulheres cariocas
Mas foi lá que eu deixei meu samba
B.H., vou pra lá
Nessas montanhas lindas de se ver,
Vem só pra ver
A Lagoa da Pampulha
Mas vou morar em Sampa
Beijo o queijo distraído
Mas foi lá que eu deixei meu samba
NA BAHIA
Herivelto Martins e Humberto Porto
Na Bahia o nego macumba noite e dia,
fazendo moamba, tirando quebranto das Filhas de Santo,
Terra de crença, lá nasceu a esperança,
E a fé tão grande assim fez morada no Bonfim.
Na Bahia tem, tem orixá,
Na Bahia tem, arroz de hauçá,
Santos e comidas, tem canjerê,
Na Bahia tudo tem, molho de azeite de dendê.
Bell Marques e Renatinho da Silveira
A onda gostosa do Quibundo
Do quilombo
Do ingongo
Do calunga
Atiçou a lenga-lenga do cafuné
A ginga do Alberto Legulé
O gosto ardente do acarajé
Ijexá
Aratu
Aganju
Amalá
A onda gostosa do Quibundo
Do quilombo
Do ingongo
Do calunga
Amansou o espinho mole do maxixe
O ronco da batucada de Torôco
O berro grosso do inquice
Baba de moça, viço de azeviche
Da quizila
Ibêji
Acaçá
Caxixi
A onda gostosa do Quibundo
Do quilombo
Do ingongo
Do calunga
Perfumou a goma da Goméia
A gema do azeite de dendê
A autoridade de Bamboxê
Ô Bogum
Irôko
Iá omin
Titerê
Portelo Júnior e Léo Cardoso
Nas cadeiras da baiana tem
Tem candomblé, tem feitiço,
Canjerê com azeite de dendê,
Baiana que faz cocada, acaçá e tudo enfim.
Baiana que tanto gosto e que não gosta de mim,
Baiana eu canto samba, canto valsa e não dou rata
Vou lá na tua janela fazer uma serenata.
Que você canta eu sei, sua voz é muito boa,
Éh! mas pra cima de “moi” a sua voz não entoa.
Zeca Baleiro
Nega tu dá no couro
Ô nega tu num dá
Quando cai no samba ba
Quando entra na macumba
Estremece a tumba
De Tutankamon oh Amon-rá
Ginga com seu belo par de coxas
E a moçada em slow-motion grita saravá
Aleluia shalom shalom meu bom Alá
Nega de molejo mole
Nega malemolente chega
Vai ser boa assim na caixa-prego
Mas um dia ainda te pego
Nega nenem sem negacear
Juro pelos dois chifres da vaca mocha
Juro por Deus e Oxalá
Eu juro até pelas barbas do Aiatolá
Quando ela dança mansa
Quando ela balança oba
Fico de juízo fraco
Toco fogo no barraco
Troco as pernas dano a gaguejar
Ne-neguinha invenção do de-demo
Queimo mais que pimenta de vatapá
Acarajé xinxim moqueca e abará
Ary Barroso
No tabuleiro da baiana tem
Vatapá, oi, caruru
Mugunzá, tem umbu
Pra Ioiô
Se eu pedir você me dá
O seu coração, seu amor de Iaiá?
No coração da baiana tem…
Sedução, ô, canjerê
Ilusão, ô, candomblé…
Pra você
Juro por Deus, pelo Senhor do Bonfim
Quero você
Baianinha, inteirinha pra mim
E depois o que será de nós dois?
Seu amor é tão fugaz e enganador!
Tudo já fiz
Fui até num canjerê
Pra ser feliz
Meus trapinhos juntar com você
E depois
Vai ser mais uma ilusão
No amor quem governa é o coração
No tabuleiro da baiana tem
Vatapá, oi, caruru
Mugunzá, tem umbu
Pra Ioiô
Se eu pedir você me dá
O seu coração, seu amor de Iaiá?
No coração da baiana também tem…
Sedução, ô, canjerê
Ilusão, candomblé, ô
Pra você
Pedro Caetano e Joel
Eu quero que me digam o que a baiana tem,
Ela pra mim não é melhor que ninguém,
Porque a carioca até vestida de chita
Andando pela rua é muito mais bonita.
E não quer cair por cima de ninguém,
Não tem balangandãs, por que não lhe convém,
Pois sendo carioca não precisa de nada,
Nem torço de seda, nem sandália enfeitada.
Não vai a candomblé nem gosta de magia,
Não usa no pescoço figa de guiné,
E não troca um croquete de confeitaria
Por um tabuleiro de acarajé.
Vicente Barreto e Celso Viáfora
Nas catacumbas da Pavuna, Antônio Conselheiro
E a Baía da Guanabara que nem Juazeiro
Num quilombo da Candelária ginga Ganga Zumba
Com seu Paulinho da Santana e com Nelson Zabumba
De repente, o oceano tinha ido embora
Mandacaru brotou no chão da Marina da Glória
Palmeiras de Dom Pedro ressecando a História,
Lacrimejam na poeira da memória do Rio
Olerê, olará, memória do Rio…
Lá no galpão de são Cristóvão, areia e purpurina
Onde o poeta desfralda a bandeira da Divina
Saio no bumba pro Salgueiro ou lá pra Leopoldina
Maracatuando Elizeth às cinco da matina
E, mais que de repente, o Rio de Janeiro mostra
O fundo da lagoa feito uma ferida exposta
Um japonês pergunta onde é que fica a Costa
E um barco do Greenpeace encalha em frente ao Leblon
Olerê, olará, ouço um velho acordeom…
É Quixeramobim? É Quixadá? É Piripiri?
Não
Catumbi, Recreio, Bonsucesso, Grajaú
Passo no Engenho-de-dentro para tomar uma pitu
E vou dando pro Catete pra comer seu angu,
Acarajé, munguzá, tapioca, abará
Caruru, vatapá
(Mas sem os frutos do mar)
Olerê, olará os frutos do mar…
Lá no alto da Pavuna, Antônio Conselheiro
Junto com São Sebastião e com Xangô guerreiro
Assistindo Paquetá sair do seu desterro
Vendo o Atlântico ser engolido pelo Aterro
E a Floresta da Tijuca toda sem nenhuma folha
Feito cada olho d’água tivesse vista zarolha
Quanto maior a sede, menos me sobrava escolha
Dobrou o português o preço da mineral
Olerê, olará (e
nem é carnaval…)
É Quixeramobim? É Quixadá? É Piripiri?
Não
Acordei com a boca seca na manhã tranquila
O Rio virar sertão era ressaca da tequila
Mas se tem dinheiro pra dar pra mim
Isso é negócio, sim
Edgar Ferreira
Bate o congô
Bate o conguê
Salve o terreiro do acarajé
Bate o congô
Bate o conguê
Oh, salve o Pai Orixá
Eu venho da Luanda
E trago a Liamba do lado de lá
Ai Luanda, Luanda
Saravá, saravá
Bate o congô
Bate o conguê
Ogum dilê, Ogum
Ogum dilê, orixá
Salve o terreiro do bom saravá
Oi! Eu vou te (fumar)
O terreiro e o canto
Pra baixar o santo
Meu Pai Orixá
Em torno do planeta
Quando os deuses cantam
En la bomboñera
Quando os deuses dançam!
Fala tambor…
E a tecnologia
Fala, fala, fala tambor!
Gilberto Gil, Galvão, Paulinho
Volta a moda
Se falar mal de baiano
Que bom prato é vatapá
Mas cuidado que eu já vi
Muito nego se dar mal
Com siri e acarajé
Que bom prato é vatapá
Ta na onda
Se falar mal de baiano
Mas cuidado que eu já vi
Muito nego se dar mal
Com siri e acarajé
Onde é onde é
Que se viu que se viu
Se cuspir
No prato que se ouviu
No prato que se ouviu
O baiano anda olhando pra cima
Feitiço é saber
Ter no corpo dendê
Ataulfo Alves
Bahia Terra que tem candomblé
Bahia da preta do acarajé
Bahia tradicional meu senhor
Bahia Terra que só dá doutor (bis)
Cidade rainha da romaria, cidade do batuque de sinhá
Cidade rainha da poesia,
(Aí Bahia….)
Castro Alves nasceu lá……
Bahia foi quem primeiro rezou,
a missa que batizou meu país,
Bahia Terra que Rui consagrou
(Aí Bahia…)
Ser baiano é ser feliz
Moraes Moreira e Saul Barbosa
É de obrigação,
De obrigação de candomblé
Ir da Conceição da Praia
Ao Bonfim a pé
É de obrigação
De obrigação de candomblé
Ir da Conceição da Praia
Ao Bonfim a pé
Ser baiano
Me perguntaram o que é,
É saber onde tem
O melhor acarajé
É subir e descer a ladeira
De um jeito bonito
Atestado de fé, ser baiano
É um estado de espírito
É de obrigação
De obrigação de candomblé
Ir da Conceição da Praia
Ao Bonfim a pé
Ser baiano é andar
Assim como se dança,
Ser baiano é falar
Assim como se canta
É nobreza apesar da pobreza,
É a cabeça erguida,
Na certeza de tudo vencer
É bem viver a vida
Ser baiano é o ouro do sol
Ser baiano é a prata da lua
Preto velho lá não fica velho
Porque continua
Apesar da idade, dançando
No meio da rua
É de obrigação
César Siqueira
O que é que a baiana tem?
Mas o que é que a baiana tem,
Que todo mundo acha sobrenatural,
O seu turbante já caiu de moda,
O tabuleiro é coisa tão banal.
E esta história de baiana com balangandãs
Em roda de macumba,
Ôi, Sinhô do Bonfim,
Perdeu a graça, não tem mais poesia,
E agora é só mania
Que não tem mais fim.
Ninguém fala,
Na paulista ou mineira,
Na gaúcha que é faceira
E tem seu valor.
E a carioca que tem tanta graça,
Embaixatriz de nossa raça,
Não tem mais louvor.
E o sambista que só fala na Bahia,
Certamente não conhece todo o meu país,
A minha terra que é tão cheia de poesia,
Onde a gente se extasia e todo mundo é tão feliz.
Mas o que é que a baiana tem?
Heim!
O que é que a baiana tem?
O seu turbante,
Heim! Já caiu da moda,
O tabuleiro,
Chi! É coisa tão banal,
Perdeu a graça, não tem mais poesia,
Com tudo isso meus senhores,
A baiana inda é a tal.
Dorival Caymmi
Você já foi à Bahia, nêga?
Não? Então vá!
Quem vai ao Bonfim, minha nêga
Nunca mais quer voltar
Muita sorte teve,
Muita sorte tem,
Muita sorte terá
Você já foi à Bahia, nêga?
Não? Então vá!
Lá tem vatapá,
Então vá!
Lá tem caruru,
Então vá!
Lá tem mungunzá,
Então vá!
Se quiser sambar,
Então vá!
Nas sacadas dos sobrados
Da velha São Salvador
Há lembranças de donzelas
Do tempo do Imperador
Tudo, tudo na Bahia
Faz a gente querer bem
A Bahia tem um jeito
Que nenhuma terra tem
COMIDA BAIANA
Grupo Sopro de Gaia
Hoje acordei bem cedo pra comer uma canjica
O tempo estava frio, obrigada Dona Zica!
Ela cozinha com talento pratos caseiros como cocada
Que é dura e mole ao mesmo tempo, mas é doce e não salgada
Olha mexe e remexe a comida africana
Pra dar sabor a comida baiana
Terminei o desjejum e fui passear no deck
Quando passou um menino vendendo pé de moleque
Não resisti e além do pé comi mapé
Da comida africana comi até o acarajé
Olha mexe e remexe a comida africana
Pra dar sabor a comida baiana
Passou por mim a mulher do seu Noronha
Tentei chamar a dona, mas chegou o carro da pamonha que gritava
Vendo pamonha, beiju, aluá e também cuscuz
Fui comprar os meus quitutes na praça da igreja ao pé da cruz
Olha mexe e remexe a comida africana
Pra dar sabor a comida baiana
Deu um conto e meio disse o moço da quitanda
Que também me contou que era filho de Aruanda
Pra concordar com a cabeça fiz que sim
Dei até logo e fui mimbora pra comer só mais um quindim
A Bahia tem dendê
Olha leite de coco jereu e dendê
A Bahia tem dendê
Olha leite de coco jereu e dendê
A Bahia tem dendê
Olha leite de coco jereu e d dendê
A Bahia tem dendê
Meu camarada venha ver a brincadeira
um cara planta bananeira, fica de perna pro ar
Já me falaram que essa luta é brasileira
E se chama capoeira
Eu tambem quero jogar
A Bahia tem dende
Olha leite de coco jereu e dendê
A Bahia tem dendê
Olha leite de coco jereu e dendê
A Bahia tem dendê
Olha leite de coco jereu e dendê
A Bahia tem dendê
O certo dia lá no Mercado Modelo,
Eu comprei o meu pandeiro, atabaque e berimbau.
Agora eu sei que isso não é brincadeira,
Que se chama capoeira, pode ser até mortal.
A Bahia tem dendê
Olha leite de coco jereu e dendê
A Bahia tem dendê
Olha leite de coco jereu e dendê
A Bahia tem dendê